O Central é pernambucano e mesmo nos campeonatos nacionais tem por obrigação fazer apenas sua parte, apenas pensar em vencer os próprios jogos. É assim que o Santa Cruz e a Federação Pernambucana de Futebol torcem que seja a filosofia futebolística dos caruaruenses no próximo domingo, às 16h, no estádio Batistão, em Aracaju. Mandatários máximos do Santa e da Federação estiveram ontem, na sede da FPF, ressaltando a importância do Central vencer - e consequentemente poder ajudar o Tricolor - e cheios de esperança sobre a classificação coral para a segunda fase da Série D. Mas por que tanta preocupação com a óbvia vontade de um clube vencer uma partida? São três pulgas atrás das orelhas de Fernando Bezerra Coelho e Carlos Alberto Oliveira.
A primeira pulga é matemática. Todos nós já ouvimos falar sobre arrumadinhos no futebol... cartolas de "ouvir" muito mais. O destino quis que no caso da Patativa fazer um acordo para empatar com o Sergipe, alvinegros e alvirrubros se classifiquem, ainda por cima, com o time de Caruaru em primeiro do grupo. Ou seja, se houvesse um acordo de Caruaru à Aracaju, o Tricolor continuaria a sonhando com a Série C em 2010. Além disso, numa fase seguinte, a tradição do clube poderia pesar em alguns jogos. Por exemplo, a Patativa poderia até "escolher" um possível adversário para jogos seguintes. O Santa poderia ser mais perigoso que o Sergipe.
A segunda pulga é ética. Se todos nós ouvimos falar sobre arrumadinhos, talvez, vimos um na Série B de 1999, quando Goiás e o próprio Santa Cruz empataram sem gols no Serra Dourada. Neste caso, em uma analogia com um possível arrumadinho Caruaru/Aracaju e o de Goiania/Recife de 1999, o Santa daquele ano estaria na pele do Sergipe de hoje, o Goiás de 1999 seria o Central atual. O Santa de hoje sofreria o que o Vila Nova de 1999 sofreu. O Santa não afetou o próprio estado. Neste caso, o clube que estaria jogando contra o estado o Goiás. Mas participar de arrumadinho, com certeza, diminui a moral para questionar novos arrumadinhos, mesmo que a diretoria seja totalmente diferente.
A terceira pulga é emocional. Depois da retrospectiva de dez anos atrás, podemos voltar apenas uma semana atrás. A terceira pulga pula mais na orelha de Carlos Alberto Oliveira. Ao solicitar arbitragem de outro estado, o presidente do Central foi ignorado pelo presidente da FPF. Mesmo que não tivesse aceitado a solicitação do mandatário caruaruense, uma simples atitude mais diplomática naquele momento facilitaria as coisas para a estratégia da Federação em incentivar o Central com a evidente proposta maior de dar uma mão ao Santa Cruz.
Apesar de tudo, acredito na índole da Patativa. Para quem pensa em algo maior para o clube, pode ser perigoso dividir as atenções com outras sedes. Caso não seja necessário, é sempre melhor focar as atenções apenas para o próprio quintal. Quando a situação é mais desesperadora, os cartolas soltam até partes do nome... o Fernando Bezerra Coelho tem dois bichos no nome, um comprometido para o Santa, outro para o Central.
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