sábado, 16 de janeiro de 2010

O Nordestão é bom, mas pode ser melhor.

Entre acordos judiciais e promessas de organização, o Nordestão pode ser reeditado, e já para 2010. Defendido por dirigentes de clubes da região, o Campeonato do Nordeste tem o slogan de "Salvador da Pátria", ou melhor, dos cofres das maiores agremiações da segunda mais populosa região do Brasil.
Sem dúvida, o Nordestão tem grande capacidade de gerar recursos aos participantes - assim como foi em um passado recente. Porém, é necessário lembrar que atualmente o maior problema para o enfraquecimento do futebol nordestino no cenário nacional está na ausência de parâmetros palpáveis para definir os valores das cotas de televisão, além da tardia profissionalização das gestões clubísticas.
A polêmica definição de cotas por direito de imagem é reflexo da disparidade histórica entre norte e sul do país. Qual critério definiria, por exemplo, que neste ano o Ceará deva receber menor cota que o Vasco se ambos acabaram de subir para a Primeirona? O "critério" é o próprio mecanismo definido pelo Clube dos Treze: "porque o Ceará tem maior possibilidade de rebaixamento". Porém, qual seria o motivo da maior possibilidade de queda cearense? A menor cota (sic).
Em defesa deste ciclo fechado de menor cota e maior possibilidade de queda, surgem críticas unilaterais alegando que o futebol nordestino não está atualizado com a modernização do futebol e que, portanto, estaria sofrendo efeitos colaterais. Entretanto, é necessário que o discurso da acusação esteja afiado com as próprias atitudes.
Desde a década de 90, o futebol superou a condição de esporte para assumir posição de área mercadológica. Assim, na hora de gerir clubes, há defesa da razão diante da paixão.
É coerente o argumento de que muitos clubes nordestinos dormiram no ponto e acabaram sonhando nos atrasados discursos contrários à Lei Pelé, por exemplo. Hoje, a gestão no futebol não pode se resumir a venda do "passe" de jogadores.
Porém, é "inaudível" o teor de argumentação de alguns cartolas de clube do eixo Rio-São Paulo. Se estamos na era do futebol mercadológico, por que ainda temos que escutar o defasado discurso romântico da "tradição"?
No mercado em geral, não adianta o argumento de que uma empresa possuia liderança de vendas no passado ou que foi fundada antes da concorrente. A diferença entre as empresas é puramente a atualidade da saúde financeira. Para o Estado, compete avaliar o retorno que as empresas possam oferecer.
Entre os clubes do futebol nacional, permanece o "charme" de ter uma dívida trabalhista maior que os rivais. Para a CBF ou para o Clube dos 13, é preferencial manter clubes devedores e sem condições estruturais de carregar o status de grandes. Sem referencial de estar em dia com impostos ou contribuir para os diversos setores que futebol pode influenciar positivamente na sociedade, por exemplo, clubes "sem tradição", ficam à margem de um espaço injustamente ocupado.
O Nordestão é uma ótima proposta para o futebol nordestino. Mas não pode ser tratado como um "Far Play" da CBF, apenas abrindo um espaço no confuso calendário do futebol nacional. Disputar o Nordestão nas datas da Copa Sulamericana pode ser um afastamento dos verdadeiros ideais dos clubes regionais.

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