Há semanas, o volante Elicarlos acusou o atacante Maxi López; nesta semana, o zagueiro Cris, do Brasilienese, acusou o também zagueiro Márcio Alemão, do Guarani. O motivo das acusações: racismo.
Sem provas, não podemos acusar nem o argentino, nem "Alemão", que nasceu na Flórida Paulista, em São Paulo. Mas, as vergonhosas hostilidades racistas que já acompanhamos nos gramados, nas arquibancadas e até nas deliberações de entidades futeboísticas comprovam que a imbecilidade de alguns em referência à derme de outros continuam.
Hoje, principalmente na Europa - maior fonte receptora do futebol africano e sulamericano -, campanhas educativas e rigor na legislação são as tentativas de reverter, ou pelo menos controlar, atitudes como, por exemplo, mensagens contra jogadores negros em alguns clubes.
No Brasil, além do atual mal estar na troca de acusações entre jogadores, a história já mostrou atitudes institucionalizadas de racismo. Por exemplo, nas Copas de 30 e 34 existia uma preocupação, com intervenção governamental, de não selecionar jogadores negros para passar uma imagem "mais branca" do Brasil mundo afora. Além disso, até a Segunda Guerra, clubes como Palmeiras, Cruzeiro e Coritiba, ainda com forte ligação à Itália, não admitia jogadores negros.
Nos recentes episódios do Mineirão e do Brinco de Ouro, jogadores em defesa dos possíveis agredidos alegaram que não pode existir racismo ainda hoje, em pleno século XXI. O argumento é bastante fundamentado. Há mais de 70 anos o Brasil percebia a importância de selecionar jogadores independete de cor/raça e a valorização identitária no futebol ao unir as diferenças étnicas nas quatro linhas.
Em 1938, Leônidas da Silva, jogador negro, disputou a Copa do Mundo na França, sendo o primeiro jogador com rótulo de craque. O Diamante Negro encantou a todos, sendo o artilheiro da competição e eleito o melhor jogador da Copa. No mesmo ano, o intelectual Gilberto Freyre escrevia, no Diário de Pernambuco, o artigo "Foot-ball Mulato", ressaltando o estilo único na prática do futebol nacional em decorrência do traço da cultura negra.
Em qualquer instância, o racismo é inadimissível. No futebol, além de inadimissível, o racismo tentaria negar o inegável talento de vários mestres do futebol. Na lista dos melhores jogadores de todos os tempo, nomes como Leônidas, Eusébio, Didi e Gullit, além do Rei, devem ter escalação garantida.
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