O futebol é uma dialética. Na segunda-feira passada, enquanto o Brasil empatava com o Egito por 3 a 3, bastou Lúcio soltar uma bomba que as discussões se dividiram no mundo futebolístico. Reconhecido por brasileiros, gregos, egípicios e troainos não há contestação sobre a existência de tal pênalti, mas pela forma que o árbitro inglês Howard Webb "interpretou" a penalidade, na Terra dos Faraós e mundo, o assunto está dando pano para manga... é tanto pano que ainda sobra para cobrir as múmias.
O relativo atraso na afirmação do penalti a favor do Brasil, reacendeu as várias teses do romântico "atraso" contra a racional idéia de progresso tecnológico nas quatro linhas.
Para evitar mais ataques, a FIFA recuou seu time de inovações. Agora o quarto árbitro não dará audiência a nenhuma emissora de TV durante as partidas.
Antes de decidir se vale ou não a instrumentalização visual para arbitragem é preciso osbservamos as bases além da dialética de alegria da vitória ser a decepção da derrota do Futebol. Por exemplo, para quem enxerga que a cobertura futebolística exije um jornalismo tradicional, deve existir a tendência de usar todos os meios possíveis de encontrar a "verdade" em campo. Outros que preferem o futebol como algo puramente fruitivo, de entretenimento, podem achar estranho que o árbitro "aperte o botão de pausa" para definir um lance. Dentre outras fontes de contradições que alimentam a opinião de TV para arbitragem, ainda podemos lembrar a paixão versus o mercado, a força contra a técnica e o famoso saudosismo de décadas passadas com ansiedade das próximas finais.
Independete da possível decisão da FIFA de aderir mais tecnologia para a arbitragem nos próximos anos ser uma bola fora ou bola dentro, as discussões devem continuar, insistentemente, dentro e fora das quatro linhas. Aliás, qual seria, hoje, a tecnologia capaz de monitorar totalmente todo um campo de futebol? Muitas câmeras em vários ângulos? Imaginariamos o novo cargo "árbitro-editor de TV-assitente"? Haveriam intervalos comerciais enquanto eles descobririam se havia ou não impedimento? E o espaço do banco de reservas e arquibancadas ganhariam cartazes de "Sorria, você está sendo filmado"? Os árbitros teriam acesso as ofensas no pé do ouvido entre os jogadores?
Ou seja, a própria tecnologia poderia até ampliar a ansiedade de busca de uma utópica verdade. Por exemplo, ainda é possível, após várias repetições de um VT, ficamos na dúvida entre a inocência do beque desengonçado e a destreza do atacante malandro que simula faltas e - por ironia da TV com arbitragem - sonha ser dublê de fimes de ação.
Um último questinamento: se a máquina falhar, pifar, travar... justamente quando aconteceu o lance polêmico? Misturar demais máquina com paixão, lembra Ludismo.
Um comentário:
Bom texto,
mas acho certo a TV para a arbitragem
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