segunda-feira, 22 de junho de 2009

Violência - Entre o seguro e o protegido

Li matéria bem interessante no site UOL Esportes de hoje, mais um assunto que devide opiniões no futebol... Porém, esta é uma infeliz discussão, justamente por causa de sua matriz. Acompanhe o Ctrl+C e Ctrl V da matéria:
"Após o confronto entre corintianos e vascaínos, antes da semifinal da Copa do Brasil, que deixou um torcedor morto, os debates em torno da violência relacionada ao futebol voltaram à tona. Uma das vozes mais atuantes nestas discussões é a do promotor Paulo Castilho, do Ministério Público. Foi ele quem sugeriu que uma das soluções para o problema seria a adoção do sistema de torcidas únicas, que vigora na Argentina. Se adotada, a medida faria com que, em clássicos, fosse liberada a venda de ingressos apenas para os torcedores de um dos times.
Como a proposta é polêmica, o UOL Esporte resolveu ouvir dirigentes, jogadores, políticos e, claro, os torcedores. Afinal, a medida ajudaria a minimizar a violência relacionada ao futebol?"
ALGUMAS OPINIÕES A FAVOR QUE FORAM PUBLICADAS:

“ É uma medida transitória e emergencial para conter esta onda de violência, até conseguirmos estabilizar a situação. ”
Paulo Castilho - promotor do Ministério Público-SP.
“ Nos jogos na Ilha do Retiro e nos Aflitos, a única torcida visitante que vai ao estádio é a organizada, e sempre tem confusão. Por isso, sou a favor da torcida única. ”
Irinaldo Pacheco, o Nadinho - diretor-geral da Fanáutico, principal torcida do Náutico.

“ É verdade que não faz sentido futebol sem público, mas é hora da torcida única como medida emergencial nas decisões ”
Orlando Silva Jr. - ministro do Esporte
“ Não tenho dúvida que esta experiência dará certo. Teve resultado na Argentina, e acho que é uma medida necessária para acabar com o quadro atual. É inconcebível esta violência que vemos nos estádios. Vou ao estádio para ver futebol, me divertir e hoje me causa medo ir ao estádio com toda esta violência. ”
Chico Sardelli - deputado estadual (PV-SP) e autor do projeto que prevê torcida única em São Paulo

“ Essa é uma forma de a família voltar a assistir ao clássico. Com a torcida dividida, ninguém leva a mulher ou o filho. ”
Eduardo Maluf - diretor de futebol do Cruzeiro

“ Teremos apenas uma grande massa de torcedores se deslocando, o que diminui a chance de encontros pela cidade. ”
Fernando Capez - deputado estadual (PSDB-SP)
“ A adoção da torcida única seria bem melhor, pois não teria tanto torcedor e, em questão de logística, melhoraria muito. ”
Major José Balestiero Filho - comandante do Batalhão de Choque da PM

ALGUMAS OPINIÕES CONTRARIAS QUE FORAM PUBLICADAS:

“ A sensação de segurança fica maior, e os riscos menores, mas acho que ainda não é o momento”. Cel. Marcos Marinho - ex-comandante da PM de SP

“ Essa é uma vitória da violência, já que as torcidas terão de pagar por uma ineficiência do Estado. É muito errado usar a experiência da Argentina como argumento, pois isso é uma afronta ao torcedor. ”
Rafael Scarlatti - diretor da Mancha Alviverde
“ Iremos escamotear o problema, deixar de nos atentar para as causas envolvidas e confessar a impotência das autoridades. ”
Silvio Torres - deputado federal (PSDB-SP)
“ Acredito que iniciativas como a do Governo Federal de identificar os torcedores uniformizados, aliada à efetiva responsabilização criminal são muito mais eficazes. A presença dos fãs empurrando seus clubes é componente fundamental no espetáculo do futebol. ”
Fábio Koff - presidente do Clube dos 13

“ As torcidas têm de estar devidamente identificadas e acompanhadas. Se alguns elementos participam de atos ilícitos, então essas pessoas devem ser banidas dos estádios. Não pode haver prejuízo para a maioria em função de alguns poucos. ”
Marcelo Campos Pinto - diretor da Globo Esporte

“ Isso é uma forma de segregação que a constituição não permite, além de ser uma declaração da falência do estado para manter a tranquilidade social. Essa é uma briga de gato e rato, mas não será com torcida única que a violência será coibida. Isso tira o direito de um inocente assistir a um jogo, embora ele não tenha agido de forma contrária à lei. ”
Marcílio Krieger - jurista desportivo

“ Quem quer brigar vai para a 'pista' de todo jeito. A violência em Pernambuco é fora dos estádios, e isso só vai fazer com que as brigas mudem de local. O que é preciso fazer é interditar as vias de acesso aos estádios, em dia de clássicos, e dividi-las entre as torcidas dos dois times. ”
Marcelo Domingues - vice-presidente da Torcida Jovem do Sport.
PITACO DESTE BLOGUEIRO:
A separação não é o melhor caminho. A atitude de segregação em clássicos é quase uma legitimação do Estado de que torcedores rivais tem de participar de violência física. Medidas emergiciais precisam ser elaboradas e praticadas, mas a de "torcida única" deve conduzir todo e qualquer esforço educacional para uma maior distância do ideial ou, pelo menos, admissível.
A maioria dos lamentáveis confrontos não acontecem nos estádios. Vândalos proibidos de entrar em um estádio podem ir às ruas após um confronto, a talvez mais "confiantes" na selvageria, já que percebem que estariam vencendo a civilidade.
É preciso perceber a diferente de ambiente seguro e protegido. Lutemos por praças futebolísticas seguras, não apenas com tentativas de sobreposição de forças, caso da proteção.
Outro motivo para lutar por segurança e civilidade ao contrário da proteção e sobreposição de forças: Na Copa de 2014 não poderemos ter torcidas de seleções únicas... nem mesmo em duelos. Teremos torcidas múltiplas.

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